Ao levantar da poeira dos pés que passam
Dos pés que correm para parte incerta
Ao barulho ensurdecedor das vozes que gritam
Das vozes que clamam sempre inquietas
Pesa o futuro de um silêncio sem par
Quando todos os pés deixarem de correr
E todas as vozes deixarem de clamar.
Tudo é tão breve
Tudo é tão excruciantemente breve
Dura o tempo em que esta frase se escreve
Dura menos que um floco de neve
Que já o deixou de ser antes de tocar o chão.
Neste plano em que todos somos irmãos
Contemporâneos de uma mesma idade
Foi-nos dado um solo baldio
Pejado de pedras, longe do rio
E nele edificaremos a cidade.
Nele edificaremos a (feli)cidade
Que é o mesmo que dizer
Que nela abriremos espaços
Que é o mesmo que dizer
Que nela empenharemos os braços
Para que nessa cidade
O homem encontre a sua morada.
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