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quarta-feira, novembro 25, 2009

Porque não escrevo...

Escrevo hoje para pedir desculpas. Deve parecer estranho, sobretudo aos mais assíduos leitores deste blog, que eu nada tenha publicado neste últimos tempos. Pois é. Na vida há escolhas que temos de fazer, escolhas muitas vezes dificeis, escolhas das quais depende a satisfação das necessidades mais básicas e imediatas de uma (sobre)vivência com qualidade.

Goradas todas as minhas expectativas profissionais mais imediatas, vi-me forçado a fazer uma escolha profissional que em nada me dá prazer ou realiza. Actividade essa que me ocupa 9 horas por dia em turnos incertos que não respeitam noite ou dia, natal ou ano-novo, familias ou afectos. Actividade essa que me deixa muito pouca energia para reflexões, para análises filosóficas, para leituras que tanto prazer me dão. Actividade que em tudo diverge da minha formação, ou sequer da minha vocação.

E não me chamem ingrato porque não o sou. Aceito, mas não quer dizer que me resigne a este estado de coisas. Há muito quem seja feliz desta forma, talvez porque as suas expectativas sejam menores, ou até porque se sentem mesmo realizados neste meio. Não sou hipócrita ao ponto de dizer que o sou, porque não é verdade. De todo. Faço o que tem de ser feito, porque simplesmente TEM de ser feito. Entretanto, aponto o meu olhar para a montanha lá à frente, essa mesma que sempre se afasta mas que nos dá o norte. Mantenho a esperança.

Peço desculpa mais uma vez.
Obrigado pela vossa compreensão.

Ruben

segunda-feira, novembro 09, 2009

Gripe A - ignorado mais uma vez

Publico aqui o texto que enviei, mais uma vez, para a página do leitor do jn, e que, como já vem sendo hábito nos textos acerca da gripe A que envio para o jornal, este ignorou completa e eloquentemente.

Afirma-se frequentemente - e erradamente - que a gripe A é mais agressiva e mortífera que a gripe sazonal. De facto, um médico francês afirmou recentemente, num artigo publicado no Le Monde, que a gripe A poderá matar cem vezes mais que a gripe sazonal. Contudo, ele compara dados estatísticos de França, com dados obtidos em ilhas da Papua Nova Guiné. Ou seja, segundo o médico em questão, a gripe – sazonal ou de outro tipo – mata normalmente por via do síndrome de insuficiência respiratória aguda (SRAG) – vulgo pneumonia -. De acordo com o próprio, em França existem em média cinco a seis casos de morte por SRAG num universo de seis milhões de infectados por gripe sazonal! Por outro lado, o mesmo médico afirma que, na Ilha Maurício, morreram pelo menos sete infectados com Gripe A num universo de setenta mil infectados, por via da SRAG. Serve-se, portanto, este eminente doutor francês de uma comparação que não tem comparação para fazer valer o seu ponto. Sabemos bem que o nível de propagação de uma infecção por gripe é muito mais rapido em meio insular, pelo facto de existir uma maior densidade populacional e a população ter menos defesas imunológicas contra o vírus, mercê do facto de viverem isolados em relações de proximidade e até de consanguinidade. Não é preciso ser médico para deduzir isto. Em boa verdade, e como já confirmou o infecciologista do Curry Cabral, Fernando Maltês, em declarações ao Público, “a morbilidade e a mortalidade provocadas pela a gripe A não são maiores do que a verificada todos os anos por acção da influenza sazonal.”. Uma responsável pela infecciologia do Hospital de São João, no Porto, afirma também no mesmo artigo que a virulência da Gripe A é menor em relação à da gripe sazonal. Ora, ainda que algo reticente, fui ao site da OMS para ver os números. Diz num artigo acerca da gripe sazonal que todos os anos, em todo o mundo, cinco a seis milhões de pessoas são infectadas das quais entre 250 a 500 mil não sobrevivem. De seguida, fui comparar com os números da Gripe A: até ao dia 11 de Outubro havia registo de 4735 mortes num universo de quase 400 mil casos conhecidos! Pasme-se! O ratio de mortalidade da gripe sazonal é de 6 em 100, e o de gripe A de 1 em 100. Qual o mais mortífero afinal? Quanto vão ganhar as farmacêuticas à custa desta campanha de marketing extremamente bem elaborada?