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terça-feira, agosto 11, 2009

Peças quase humorísticas

Olá.

Porque sei que o Humor é importante, e também em homenagem aos humoristas do nosso país, e em particular a Raúl Solnado, de hoje em diante, todas as quartas-feiras de quinze em quinze dias publicarei um texto quase humorístico da minha autoria. Rir é sem dúvida o melhor remédio.



Hoje apetece-me falar de humor. De notar que falar de humor não é o mesmo que fazer humor. Pode-se, contudo, ser-se engraçado enquanto se fala sobre a graça. Por isso, amiga Graça, se estiveres a ler este texto já sabes, não leves a mal, está bem?

Humor é parecido com Amor, com a diferença substancial que o Humor é menos doloroso. Sim, claro, podem delapidar-me por dizer tal blasfémia! Eu sei que o amor é lindo, e que é melhor amar e sofrer do que nunca amar... E, já agora, que tudo é eterno enquanto dura! Viva os chavões da modernidade. O que ninguém ainda parece ter percebido é que, o que é mesmo eterno enquanto dura não é o amor, mas um pontapé nas gónadas masculinas! O que parece mesmo eterno enquanto dura é a dor, porque dura sempre demasiado, nem que seja só um segundo... O próprio Einstein explicou a teoria da relatividade da seguinte forma: se a tua namorada se senta ao teu colo durante uma hora, parece-te um segundo (isto, é claro, convenhamos, se ela não sofrer de obesidade mórbida). Porém, se te sentas durante um segundo numa chapa muito quente, esse segundo parece-te uma hora! Portanto, caro Vinicius, pah, estavas enganado (a não ser obviamente que gostes de sofrer).

O Humor é a prova provada de que evoluímos. Evoluímos de um ser macacóide que fazia esgares verdadeiramente ridiculos, mostrando toda a dentadura e soltando gritos excruciantemente dolorosos - só semelhantes aos da Júlia Pinheiro – em direcção ao patamar de seres pensantes, capazes de rir para dentro, capazes de não se deixarem levar exclusivamente pelo engraçado mas de reconhecer o engraçado por detrás do aparentemente menos engraçado. O nosso cérebro evoluiu ao ponto de ser capaz de criar associações bizarras, unir conceitos aparentemente opostos, gerar ideias novas e inusitadas. O inusitado e pouco convencional faz rir, e até as epifanias religiosas, místicas, científicas, criativas, são verdadeiramente humorísticas! Conta-se que o Newton, aquando daquele ataque que sofreu por parte de uma maça tresloucada que se soltou de uma árvore (a maçã é que leva sempre com as culpas) primeiro chorou como um bebé tal foi a dor, mas depois acabou a rir como um louco ao ser iluminado subitamente pela noção de gravitação universal! Quanto à maça, consta-se que casou com um maçon da loja maçonica de Inglaterra e foi feliz para sempre. Viram, eis uma piada que associa elementos aparentemente opostos e que gera toneladas de riso! Ou não... Só por curiosidade, Newton processou a maçã e foi às Manhãs da TVI fazer queixa dela, e ainda aproveitou para dizer que estava desempregado há dois anos, estava grávido e tinha ratos em casa.

Acho até que o Índíce de Desenvolvimento Humano - o famoso IDH que serve de instrumento estatístico para avaliar a qualidade de vida e o desenvolvimento de um país – deveria incluir o Humor, tanto ao nível do acesso de todos os cidadãos ao bom humor, como à qualidade desse mesmo humor. O painel de jurados deveria ser constituido essencialmente por humoristas consagrados, nomeadamente esse senhor do humor português em geral, e do europeu em particular, Alberto João Jardim. Proponho Alberto João Jardim para tal honra por considerar que reúne, ao mesmo tempo (o que é raro) qualidades de político e de palhaço. Alberto João Jardim inovou o panorama do humor nacional, substituindo as tradicionais anedotas de alentejanos e de loiras por anedotas sobre chineses e comunistas, e ainda abriu uma nova modalidade de caça na Madeira, chamada caça ao dirigível.

Humor é sentimento. E não me venham dizer que o Fado é que espelha verdadeiramente o sentimento lusitano. Blhack. O que espelha o sentimento lusitano é o humor lusitano, meio sacana e quase sempre polvilhado de ambiguidades linguísticas que conduzem, quase inexoravelmente, ao sexo. A piada portuguesa teria deliciado Freud, porque não há frase ou palavra em português que não tenha um correspondente em sexualês. Daí dizer-se que a língua portuguesa é muito traiçoeira... e a razão para isto acontecer é tão simples de entender que até enoja. Os portugueses tiveram de calar durante demasiado tempo, o pudor e os bons costumes obrigaram-nos a dizer por meias palavras, por rodeios, aquilo que facilmente, noutras circunstâncias, se diria claramente e sem ambiguidades. Agradeça-se à Inquisição e à Ditadura, as mães da sacanice do humor português! Graças a Deus, os tempos mudaram. Agora fala-se – quase abertamente – de tudo. Até se fala demasiado do que não interessa. Agora fala-se demasiado na Gripe A, e mete-me medo só de pensar que ainda temos pelo menos mais 22 letras para baptizar gripes futuras. Quando chegarmos à Z pode ser que as farmacêuticas já estejam ricas e não seja preciso inventar um novo alfabeto para baptizar gripes fraudulentas. A não ser que inventem a Gripe AAA, tipo as pilhas. Gripe mais dura: AAA; gripe menos dura: AA. Ou Gripe para todos os tamanhos: gripe S, M, ou XL.

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