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quinta-feira, julho 30, 2009

Novidade - Consultas de Aconselhamento Ético-Filosófico - Seja o Primeiro



É verdade. Decidi finalmente iniciar a minha actividade de conselheiro ético-filosófico. Para quem não sabe, esta actividade nasceu há poucos anos nos EUA, como forma de aconselhamento alternativo (ou complementar) à psicologia. O livro que, segundo sei, lhe está na génese é o Mais Platão, Menos Prozac, do autor Lou Marinoff.

Em Portugal, esta actividade está ainda no seu estado embrionário. As principais associações que a desenvolvem são a APAEF, bem como o Gabinete Project do Dr Jorge Dias. Talvez valha a pena ler alguns dos exemplos que o mesmo descreve acerca das suas próprias consultas:clique aqui

O site da APAEF também pode ser útil para esclarecer qualquer dúvida

www.apaef.com

Para que serve? De que se trata?

Tentando ser o mais claro possível, as consultas são vocacionadas para qualquer pessoa, preferencialmente a partir dos 16 anos, independentemente das habilitações ou da experiência de vida. Visa ajudar a resolver conflitos pessoais, dilemas éticos, depressões, dificuldades de relacionamento inter-pessoal, problemas de sentido para a vida. É isso mesmo que se pretende: orientar e encaminhar da melhor forma, ouvindo e esclarecendo.

Para marcar consultas ou pedir qualquer tipo de esclarecimento enviar e-mail para manotime@gmail.com

segunda-feira, julho 27, 2009

A gripe A é um mito - a confirmação

Escrevo sobre o mito da gripe A, e meses depois cronistas e fazedores de opinião do JN e de outros jornais dão-me razão.

Escrevo sobre a crise do jornalismo, envio o texto para a página do leitor do JN, e sou, pela primeira vez, completamente ignorado. É preferível publicar os poemas dos velhinhos e os textos especialistas do mal-dizer.

Escrevo e continuamente vejo confirmado o que escrevo. Já pareço o Paulo Portas a dizer que o governo, no fim de contas, dá-lhe sempre razão ao pôr em prática as suas propostas.

Talvez um dia destes faça o mesmo que a Maria João Pires e o Miguel Sousa Tavares querem fazer: naturalizar-me brasileiro. Estes país é cada vez mais o país da «Treta». Já começa a cansar-me e a fazer-me mossa...

Por isto, publico novamente o texto que escrevi há alguns meses sobre a mentira da gripe A.


Temos sido bombardeados nas últimas semanas com o papão terrivel e inevitável de uma pandemia mundial. A gripe A (que começou por ser Suina até que os porcos finalmente foram redimidos da sua culpa) partiu do México e propagou-se por vinte e tal países. Tudo bem. Até aqui entendo o que se pretende dizer por pandemia. Porém, parece-me que existe aqui uma enorme incongruência, alimentada pelas mais altas instâncias mundiais de saúde, nomeadamente a OMS.

É verdade que houveram já mortos, mas agora a OMS chegou à fantástica conclusão de que, ainda que haja pandemia, será moderada e não causará a extinção da espécie. A minha pergunta é muito simples e directa: se a gripe sazonal mata em média 300 mil pessoas por ano em todo o mundo, qual é alarme em relação à gripe A que, até ver, matou 150 pessoas, e nenhuma na Europa? Porque é que se considera a Gripe A uma pandemia, e não se declara uma pandemia todos os anos sempre que a Gripe Sazonal ataca? Qualquer pessoa que esteja a ler este blog já passou pela experiência da gripe sazonal, e nem por isso ficou alarmada com isso. Nada que um cházinho, muito descanso e benurons não resolvam. Pronto, concedo ao senhores da OMS que a gripe A parece provocar vómitos e diarreias fortes, mas a verdade é que a gripe sazonal é mais mortífera, sobretudo quando atinge crianças e idosos mais vulneráveis. Qual é a novidade, alguém suficientemente versado pode explicar-me?

Posso sempre especular e dizer que esta gripe A é uma bela mistificação, orquestrada pelas mais altas instâncias da saúde pública reféns de outras altas instâncias a trabalhar na obscuridade, nomeadamente a poderosissima indústria farmacêutica... Será a gripe A uma estrondosa campanha de marketing patrocinada pelos grandes laboratórios para que se venda o tal Osertamivir, esse mesmo medicamento que dizem ser o apropriado para esta maleita? Porque pelos vistos, o Tamiflu já não serve...

Vá-se lá saber. Até ver, quem tem ganho com esta pseudo-maleita são os vendedores de máscaras faciais. E, até ver, quem tem perdido mais são os porcos. Que o digam os pobres porcos egípcios que foram chacinados...



Estão contabilizadas já perto de 200 infectados no nosso país. Pasme-se! Não há mortos. Pasme-se mais ainda! Já morreu mais gente este ano de gripe sazonal comum! Chega. Chega. Chega. Acho que 40 milhões de euros gastos pelo estado português para comprar 2 milhões de vacinas já é suficiente para a ganância das farmacêuticas, não acham?

segunda-feira, julho 20, 2009

A decadência do jornalismo é a decadência da Democracia


Essa tal grande, pródiga e de costas largas crise financeira e económica que vivemos actualmente teve o condão de fragilizar as sociedades, de empobrecer e de fomentar dependências. A queda da confiança nas instituições bancárias, e no sector privado em geral, está a conduzir a uma afirmação dos estados, dos governos como os grandes «salvadores», legitimando que, em última análise, estes amplifiquem os seus poderes de intervenção, de tentacularização da sua acção, por ventura à socapa dessa tão recentemente apregoada solução de uma «maior regulação». Porque, em última análise, é disso que se trata: aumentar o controlo sobre a opinião pública, sobre as pessoas e a sua liberdade. Sabemos bem o papel que as crises do passado tiveram na ascensão dos regimes totalitários, tanto de esquerda como de direita.

Hoje, estamos a assistir a um fenómeno que não augura nada de bom para a democracia. A imprensa, nomeadamente a escrita, vê-se a braços com grande dificuldades em manter-se de pé, sobre o peso das dificuldades económicas e, sobretudo, sobre o peso de uma filosofia de mercado e de concorrência que substitui o bom jornalismo pelo mau jornalismo. Há pouco tempo, cento e muitos dos melhores jornalistas do Jornal de Notícias, com sede no Porto, foram pura e simplesmente despedidos, alguns já com trinta anos de experiência. O Primeiro de Janeiro já despediu também centenas de jornalistas, substituindo-os – e é isto que é muito grave – por estagiários a recibo verde, já para não falar em todos aqueles que são convidados para estágios não remunerados e são, ao fim de três meses, convidados a ir para a rua. O Público, um dos jornais de referência, está também na mesma rota de desintegração, e os seus trabalhadores deixaram de ter quaisquer garantias da estabilidade dos seus postos de trabalho. Amanhã, podem bater com o nariz na porta, descartados em troca de «mão-de-obra barata». Pode argumentar-se que tudo tem a ver com a concorrência dos jornais gratuítos, ou com o facto dos jornais de papel estarem a perder terreno em relação ao jornais on-line. A questão aqui não é essa. A questão essencial é a de que o jornalismo de qualidade e referência, independente e sério, não tem garantias de sobrevivência quando está nas mãos de profissionais cujas carreiras subsistem no fio da navalha, ou nas mãos de estagiários que não tem tempo para mostrar o que valem, ou não ganham o que merecem, ou nem sequer podem fazer estágios não-remunerados porque a vida não se condói com este tipo de precariedades, nem com esta falta de futuro. Não pode haver um jornalismo independente, informado e sério quando se tem o emprego em risco. Não pode haver bom jornalismo quando a concorrência é feroz e o importante não é a boa informação, mas a informação sensacional. Não há bom jornalismo sem bons jornalistas e sem continuidade e liberdade de acção, e nem uma nem outra estão garantidas nas redacções do nosso país. Nenhuma destas. Puxe-se a meada do jornalismo, da boa informação, e é certo que toda a estrutura da democracia cairá por terra. Antes de mim, já penso que Jefferson o terá dito. Então, se não há segurança nos privados que gerem a imprensa, então devem ser os estados a tomar conta, como se fizeram com muitos bancos por todo o mundo? É verdade que com os jornais não há riscos sistémicos, nem perigos para a confiança económica. Ou pensando melhor, há outro tipo de riscos sistémicos que têm a ver com a confiança na informação. Hoje, a confiança nos bancos é diminuta, e basta fazer uma simples sondagem à opinião pública para percebermos que, em última análise, «só o banco do Estado parece dar garantias de segurança». E se o mesmo se vier a passar com o jornalismo? E se, perante as inseguranças dos jornalistas e dos consumidores, os governos decidirem também tomar conta da imprensa, criar novos jornais, abrir novos canais noticiosos, oferecendo segurança, credibilidade, aparente isenção? Não seria este o contexto ideológico certo para o fazer? O que seria então da independência política, da verdadeira isenção? Não seria esta situação o princípio do fim da democracia? Há uma verdade insofismável na política: quando a sociedade civil enfraquece, o caminho está aberto para os totalitarismos. Esta crise teve o condão de provocar a decadência há já muito anunciada da sociedade civil, dos privados, da iniciativa, da criatividade individual e colectiva. Os governos, perante esta situação, praticam a política do subsídio, do pão para a boca, e subliminarmente aumentam o seu controlo e domínio sobre as populações. Veja-se o que está a acontecer em Portugal. As pessoas não gostam da insegurança, da incerteza, e porque estão frágeis, desgastadas pelas vicissitudes e dificuldades, só aspiram por governos fortes. Terreno fértil, não é? Lembra algo que já sucedeu muitas vezes no passado... E a corda na garganta começa, precisamente, na precariedade e incerteza de um posto de trabalho. Um governo que dá acredita estar legitimado para cobrar. Uma sociedade civil fraca e dependente não é garantia de prosperidade e futuro para nenhum país. É assim que um país perde a sua liberdade; é assim que um país perde a sua independência. O povo diz: «Antes fossemos espanhóis!».

quinta-feira, julho 16, 2009

Vale a pena lembrar - Gripe A

Enquanto navegava por outros blogs encontrei esta referência importante - e tão óbvia que é incompreensível que o ministério da saúde ainda não tenha dito nada acerca disto -, relativa à punição prevista na lei para aqueles que, por negligência ou desinteresse, contribuirem para a propagação de doenças contagiosas. Vale sobretudo para quem continua a viajar, independentemente dos avisos do Ministério da Saúde e da Direcção Geral de Saúde relativamente aos perigos de contágio da Gripe A.

Artigo 283º (Código Penal)
Propagação de doença, alteração de análise ou de
receituário

1 - Quem:
a) Propagar doença contagiosa;
(...)
e criar deste modo perigo para a vida ou perigo grave para a integridade física de outrem é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.
2 – Se o perigo referido no número anterior for criado por negligência, o agente é punido com pena de prisão até 5 anos.
3 – Se a conduta referida no nº 1 for praticada por negligência, o agente é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa.

As agências de viagem também têm culpa no cartório. Aproveitam o alarme para baixar os preços da viagens.

segunda-feira, julho 13, 2009

O lugar da Filosofia - eternidade, validade, utilidade


Actualmente, é patente que a filosofia se debate para assumir um espaço próprio, pelo reconhecimento da sua validade e utilidade num mundo em mudança, dominado pelas ciências e pela técnica. Deixou de ser a procura de um arqué natural, ou uma ciência do ser enquanto ser. A ciência assumiu-se como tribunal último da natureza, das suas causas, leis e comportamentos. Os métodos plenamente empíricos, a experimentação e a possibilidade de verificação dos fenómenos através da observação e da manipulação em meios controlados, assumiram por fim um patamar de validade quase inexpugnável. As questões que eram, em tempos, eminentemente filosóficas, encontraram respostas na ciência e nos seus métodos. A epistemologia, ou seja, a questão essencial de saber como é possível conhecer, ou de onde provém afinal o conhecimento verdadeiro - questão que ocupou os filósofos durante séculos e séculos e que originou dicotomias clássicas como idealismo/realismo, ou racionalismo/empirismo – parece hoje não fazer grande sentido. Ou terá, por outro lado, assumido outra forma, outra abordagem? Um dia, talvez daqui a 2 ou 3 séculos, um historiador da filosofia olhará para trás no tempo e dirá que as mesmas dicotomias, os mesmos problemas filosóficos, estiveram sempre presentes, ainda que camuflados em diferentes conceitos, diferentes abordagens metodológicas, diferentes roupagens conceptuais. É bem possível que tal venha a suceder! Não sabemos. Curiosamente, a ciência é o culminar de toda a especulação epistemológica, de Platão a Kant, do Idealismo das formas puras, ao realismo de um Aristóteles; do cepticismo radical de um Descartes, ao cepticismo falibilista de um Hume; das guerras civis entre empiristas e racionalistas, à conciliação de ambos com um Kant. Porém, parece óbvio que a matemática faz ciência. Desde Pitágoras que se acredita que a matemática é a expressão do mundo e das suas leis, e que só através dela poderão os fenómenos ser compreendidos. Por um lado, ela está verdadeiramente no mundo, ou seja, ela expressa um realismo. Por outro lado, a matemática resulta da conceptualização da mente, das abstracções desta em relação ao mundo e a sua contingência. Esta conceptualização gerada pela mente numa teia de relações (inatas ou adquiridas é uma questão já muito discutida) verdadeiramente é capaz de explicar o mundo exterior e as suas leis, expressando desta forma um idealismo. Seja como for, isto possibilita ao físico teórico estar sentado no seu escritório a escrevinhar fórmulas que conseguem, em última análise, expressar o comportamento de uma galáxia, de um quasar, ou até especular acerca de novos corpos celestes desconhecidos. E porque é que a ciência e os cientistas não dedicam as suas vidas a esta discussão epistemológica? Porque, aparentemente, o importante é que tais métodos funcionam. Enquanto for possível, com os mesmos métodos, colocar homens na lua, ou corroborar hipóteses científicas, então tais métodos são válidos. Enquanto for possível, obviamente, porque, à semelhança desse falibilismo humeano de que já falei, no dia em que determinado método não funcionar, uma de duas coisas terão sucedido: ou o método falhou, ou falhou a teoria. No dia em que a física newtoniana falhou na compreensão do Universo e na análise dos fenómenos físicos, em primeiro lugar colocou-se em causa o Universo, e depois de repetidas incompatibilidades com as novas descobertas, foi necessário inventar uma nova física, menos absoluta, menos dogmática, mais relativista. Essa mesma física tornou possível explicar novos fenómenos, enquanto esses mesmos fenómenos tornaram também possível corroborar essa nova física. É o caso do eclipse solar que provou que a teoria da relatividade de Einstein estava correcta, anos depois desta ter sido enunciada. É por funcionar, ou por ser útil que a ciência se autonomizou verdadeiramente das outras áreas do pensamento. Contudo, esta autonomia não é ilimitada. A ciência tem os seus métodos e o seu caminho próprio, porém, no limite, vê-se confrontada com questões para as quais não tem resposta, nomeadamente no que concerne às fronteiras éticas. A Biologia deve seguir o seu caminho, mas no seu caminhar deve fazer uso de todos os meios para atingir os seus fins? Será ético fazer experiências em chimpanzés, ou até em seres humanos, para salvar o resto da humanidade?
Será ético conduzir experiências físicas de colisão de partículas, mesmo sabendo que, algures no futuro, certos governos farão uso dos resultados obtidos para construir armas de destruição maciça? E é então que, perante estes novos problemas, os mesmos conceitos, as mesmas questões filosóficas do passado fazem todo o sentido. De onde deriva a legitimidade moral ou ética? Onde radica a dignidade do ser humano? Será da alma, ou da sua consciência peculiar? Virá de Deus, ou de algo diferente que nos coloca um grau acima do resto da criação? Deve a ética basear-se numa espécie de direito natural (realismo), ou num direito baseado na nossa autonomia moral, ou racional (lá está o racionalismo a espreitar)? E, se assim é, como podemos nós conhecer e encontrar uma legitimidade quase «científica» para a dignidade humana, para a ética? Será a dignidade uma espécie de transcendental à semelhança do Sumo Bem, do Belo, da Verdade? É aqui que a filosofia reencontra o seu lugar ao sol, pois a ciência, só por si, não tem meios de provar, verificar ou elaborar teorias pragmáticas e empíricas acerca destas questões. Será mesmo assim? E se amanhã a ciência provar (e a ciência acredita estar muito perto disto) que afinal somos mesmo animais, e que os 2 por cento que nos separam do genoma do chimpanzé não garantem nenhuma superioridade moral? Cairá a ética por terra? Teremos o direito e a legitimidade necessária para usarmos os humanos como cobaias, ou para atropelarmos a dignidade humana em prol das multidões? Não me parece. Ainda que a ciência prove que não somos diferentes das formigas, estes problemas nunca desaparecerão, simplesmente porque, para sermos humanos, necessitamos de regras e de códigos para viver em sociedade, e nunca será aceitável, por parte da maioria da humanidade, um estado de «sobrevivência do mais forte», ou de «regresso à cegueira das leis naturais». A confiança no próximo e nas instituições são condição sine qua non para a estabilidade e para a coesão social. Parece-me, sinceramente, que o imperativo categórico kantiano ainda não perdeu o seu valor. E a razão é, ironicamente, bastante simples - ele funciona.