Anúncios google

segunda-feira, junho 02, 2008

Rock in Rio - Caos, Espectáculo e Vinho da Casa



90 mil pessoas encheram o parque da Bela Vista no primeiro dia do Rock in Rio. 90 mil pessoas responderam ao apelo das luzes, do espectáculo, da embriaguez que o mergulho na multidão e no transe musical sempre trazem. Eu próprio lá estive.

Será uma questão sociológica? Filosófica? Talvez. As pessoas precisam de se diluir na multidão, de perder a sua identidade acreditando que, com isso também as suas tristes vidas se dissolverão na confusão, na batida e nas melodias pungentes. As pessoas precisam de quebrar as suas rotinas enfadonhas e de pelo menos durante umas horas, não pensarem nos problemas e nas variadas frustrações de que é feita a vida.

Exemplo disto mesmo foi uma senhora de nome Amy Whinehouse, que enfureceu os seus fãs ao chegar 40 minutos atrasada ao palco Mundo, ainda por cima em condições deploráveis, dignas de um trapo humano. Bebeu, fumou, quase caiu. Pediu desculpas e da parte dos fãs havia sempre um pano quente, porque afinal «Amy é mesmo assim, toda a gente sabe!». 90 por cento das pessoas condenaram aquela figura, outros 10 por cento tiveram compaixão daquele «talento tão jovem e promissor cheio de mágoa». As pessoas na verdade gostam de espectáculo, quanto mais sujo e degradante melhor. Basta pensar nas lutas de gladiadores do passado, ou no afamado vício português do «mirone» que pára até no meio da auto-estrada para ver um corpo acidentado e exangue. Neste acaso era apenas uma rapariga de 24 anos, vítima da solidão própria da fama, vítima de um passado que talvez ainda hoje determine o seu comportamento, vítima de uma má aprendizagem acerca do modo com se lida com as frustrações e os nãos da vida. E nem a fortuna de 12 milhões de euros a pode salvar de si própria, se a razão e o bom senso não prevalecerem. Pelo contrário, pode ajudar a destrui-la. É um bom exemplo para todos nós, ainda que um mau exemplo para muita juventude mal informada e que vê nela um modelo de vida.

Sem comentários: