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sexta-feira, novembro 23, 2007

O erro de Dawkins


Este breve texto será publicado na página do leitor do jn amanhã, ou no domingo

Pretendo com este texto responder a um senhor que escreveu nesta página uma breve exposição acerca de Richard Dawkins e do seu livro sobre Deus. É verdade que Dawkins culpabiliza Deus por todos os males do mundo. É um inglês profundamente materialista que não diviniza Deus mas dá-lhe outro nome – Ciência. Mas entendo que quando lemos seja o que for, não nos devemos deixar persuadir pela autoridade do autor nem aceitar o que é dito sem nós próprios o digerirmos e o tornarmos nosso. Como tal não concordo que o ateísmo tenha superioridade moral em relação ao crentismo. Não tem de todo, e a prova é que nos países comunistas de carácter ateu, o ateísmo fez imensos estragos. Na Rússia ninguém destruiu Meca, mas só não o fizeram porque não puderam. De resto tudo o que eram templos, igrejas, santuários foi reduzido a escombros. Em nome de quê? Do Ateísmo caros leitores. O que o Sr. Dawkins na sua inteligência de cientista parece não ter percebido, é que não é a religião o mal de todas as coisas, mas o fanatismo. Qualquer fanatismo é perigoso e destruidor, seja ele religioso ou ateu. É verdade que foram cometidas atrocidades em nome de Deus, e continuam a acontecer. Mas também foram cometidas atrocidades em nome do Ateísmo, por ventura mais sanguinárias. A religião pode trazer a paz, se for entendida na sua essência como apelo à Unidade verdadeira de todas as coisas. A ortodoxia, e tudo o que a rigidez dos rituais e das más interpretações humanas trazem é que conduz ao fanatismo. Os comunistas diziam que a religião é um cancro, uma doença que impede o homem de progredir. Veja-se o que fizeram ao Tibete os nossos amigos chineses, reduzindo a pó os templos budistas, estropiando e matando a sangue frio os pobres monges. A que Deus remetiam os nosso chineses estas chacinas, em nome de quem? Seria este deus o próprio Mao Tse Tung? Pois é, porque quando se expropria o homem de Deus outros deuses nascem por força das circunstâncias. Nascem os «bezerros de ouro». Diga-se o que se disser, o homem precisa da transcendência, chame-se-lhe Deus, Tao, Brahma.. Mas como não tenho a autoridade do Sr. Dawkins, não serei ouvido nem entendido.

2 comentários:

Elisabete Joaquim disse...

Muito bom texto. Há muito que digo que o ateísmo é uma religião como as outras ;p

Filipe Alberto Da Silva disse...

Olá, muito boa noite a todos.
Acabei de ler o livro de Dawkins. O qual recebeu toda a minha atenção Estou de acordo com ele em mais de 90%. No fim de ler o livro vi que existe uma grande lacuna da parte de Dawkins. Ele simplesmente não fala do budismo, embora este possa ser visto como uma filosofia, o facto de compreender em si uma alma que reencarna e que tem de fugir do circulo das reencarnações é no mínimo fora do âmbito de uma “mera” filosofia. Antes de questionar a existência de Deus deveria-se perguntar se existe, ou não existe alma? Será possível que não somos exclusivamente compostos de matéria?

Eu próprio não consigo perceber porque qualquer número elevado a zero é igual a um, mas isso é uma limitação da minha parte. Limito-me a acreditar para continuar os cálculos, e comprovo que batem certo, mas se procurar de forma mais atenta sobre a questão não será possível compreender o razão de tal “dogma” aos meus olhos? Se pegarmos por exemplo na teoria da relatividade de Einstein, não será ela um dogma para quem não a percebe? O dogma em sim, não será fruto de uma limitação? Muitos sabem que tem uma alma, outros compreende que tem, outros simplesmente é algo tão natural e mais obvia do que ler estas linhas. È claro que se digo que a terra foi concebida a 6000 anos e sujeito-me a acreditar nisso, é um dogma, e se tiver noções de geologia, posso refutar de imediato esse dogma, pois percebi como está longe da verdade dos factos, e nesse caso é de facto um dogma, uma verdade montada de toda a maneira e fatio. Pois bem, gostaria de saber como se pode negar a existência da alma. Os raios X , Gama e por aí fora sempre cá estiveram, será que só começaram a existir no momento em que tivemos instrumentos para o ver, medir e quantificar e controlar?

Como podemos explicar a medicina tradicional chinesa? Vamos reduzi-la a um simples placebo? Não será isso falta de conhecimento sobre a matéria? Não será partir de uma negação imediata, de um preconceito nosso, sem nos preocurparmos com os factos?

Outro ponto importante, como explicar as experiencias de Emoto sobre a água? (Os cristais de agua mudam de organização conforme a música e palavras a ela exposta, ver message from water de Emoto)

Antes de tentar conceber Deus temos de compreender a nossa própria alma, a nossa natureza espiritual, pois Deus, se existe, não é de todo como o nosso cérebro poderá concebê-lo, mesmo se podemos conceber algo infinito como é Deus, algo que sempre existiu, como podemos conceber algo que vai contra a nossa natureza? Como, nós como seres finitos podemos conceber algo infinito? Como pode uma barata conceber um ser humano? Não será para ela impossível? Não será sempre compreendida segunda os seus padrões de conhecimento, se é que se pode falar de conhecimento nas baratas. Não será Deus de uma ordem de grandeza bem diferente da nossa?


Como posso eu provar que a minha alma existe? È algo meu, que vem de dentro e reflecte-se por todo o corpo. Como posso eu provar que amo alguém? Preciso realmente que a ciência o comprova? Não serão as suas respostas limitadas, ao se concentrar exclusivamente nos efeitos do cérebro por exemplo? Será que tínhamos de esperar que a ciência nos diga que o amor tens X efeitos no corpo para ele existir?

Antes de negar a existência de Deus, Dawkins deveria negar a existência da alma, pois o anelo eterno que existe em nós, é o único instrumento que possuímos para conceber o Eterno que alguns podem chamar de Deus.

Atenciosmante, Filipe da Silva