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sexta-feira, novembro 10, 2006

Do lado de fora





Somos no caminho tomados pelas mais excruciantes questões. Os escolhos atravessam-se, as dúvidas insistem tolher-nos a velocidade, lesta e constante, provavelmente para lugar nenhum. Dicere quid? Fazer o quê? Andar mais devagar? Sentar enquanto a turba passa, olhares sem brilho, braços cruzando os espaços sem uma força maior que os anime, um desejo mais profundo que os faça cortar o ar em socos de profunda vontade de superação das verdades aceites. São pontos que vagueiam em círculos, varas da roda da necessidade – e vejam que não digo roda da verdade -.
Estou sentado. Para muitos dos que passam estou parado. Estagnei. Não tardará a que seja esquecido, ou a que me passem por cima como um pobre de espírito que não logrou integrar-se. Sou um inadaptado.
Do lado de cá só sei sorrir. Do lado de cá só sei chorar. Ainda não compreenderam eles que andar em círculos é andar para lado nenhum. Que estando eu parado a seus olhos, não faço mais do que arrepiar caminho numa direcção diferente, e acreditem eles que não tardará a que sintam vontade de me seguir. E eu tudo farei para que me sigam. Engano-me, sigam o meu caminho, que não é mais do que a mais básica vereda aos país de todos os caminhos, que só ao homem pertencem, e só o homem poderá reclamá-los para si na mais que legitima procura do seu ser verdadeiro.
Estamos bem devagar cimentando muros à nossa volta. A Liberdade é cada vez mais o produto da nossa própria ignorância. Não tardará a que chamemos casa às grades que levantamos, glorificando a chave com que fechamos a porta como se fosse a chave da próprio Sentido.
Eu talvez prefira manter a porta aberta, e bem aberta. No que depender de mim a chave fica longe, atiro-a ao primeiro ribeiro por onde passe. Mas na prisão, ribeiros não os há…

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