Anúncios google

sábado, novembro 19, 2005

Conhece-te a ti mesmo

Ao longo da vida há uma aparente incoerência de aprendizagens e de vivências que, progressivamente, vão modelando o carácter do ser humano. Heraclito dizia que o carácter de um homem é o seu destino. Pois esta aparente desordem não é mais do que a construção determinada de um destino necessário ao mundo, e ao Universo. É uma progressiva identidade que emerge.

Não nos podermos conhecer completamente, porque não conhecemos verdadeiramente o nosso destino. Podemos agourar sobre os nossos desejos e anseios. Podemos até analisar mais ou menos sistematicamente o nosso passado, e tentar vislumbrar uma linha de coerência que nos ilumine, e nos ajude a crescer. Mas na verdade só o tempo e as circunstâncias nos darão a resposta de que precisamos.

Podemos questionar-nos sobre o sentido da vida: da nossa vida; da minha vida. E como resposta podemos enlouquecer, desistir, ou aprender. Enlouquecemos porque desejamos profundamente uma resposta agora, já, imediatamente. Arrogamo-nos no direito à iluminação imediata, e a um conhecimento que nos devolva à vida, à nossa vida. Desistimos porque não temos os dados todos na mão, e a nossa análise ficou-se pela superficialidade do momentâneo e pela parcialidade da nossa ignorância.

Mas podemos também aprender. Diria que devemos. Porque estamos sempre a aprender não podemos imaginar que num determinado momento estamos completos e realizados. Porque estamos desanimados não podemos afirmar que não estaremos animados e radiantes, pois o sofrimento e o desânimo são também degraus necessários à progressiva aprendizagem da vida. Clamamos por um sentido porque acreditamos que ele existe, e está aí, a cada passo que damos, a cada decisão que tomamos, a cada erro que cometemos. O caos é sempre ordem que não compreendemos, porque não conhecemos de antemão nem as suas causas nem os seus objectivos.

Sem comentários: